Os últimos dias foram muito interessantes do ponto de vista alimentício. Quem me acompanha pelo Snapchat (/hackelz) e Instagram deve ter visto que estive em uma fazenda de testes no Rio Grande do Sul, a convite da Isla Sementes e Destemperados. Foi uma experiência tão maravilhosa e incrível que voltei de lá ainda mais mordida pelo bichinho da revolução alimentícia. Na sexta-feira vou publicar o vlog dessa trip no YouTube e falarei mais sobre o assunto.
Tenho lido bastante sobre alimentação e conversado com pessoas próximas sobre o assunto. Um dos pontos mais discutidos é a questão do acesso a produtos livres de agrotóxicos. Como é importante pra nós, enquanto consumidores, investigarmos a origem dos alimentos, viu? Na correria dos dias, a gente acaba não pensando e simplesmente come qualquer coisa. Já pensaram como isso é bizarro? As coisas que comemos nos mantém vivos, saudáveis… Como a gente pode negligenciar tanto isso? É nosso combustível!
Pensando nisso e mais um pouco, resolvi compartilhar com vocês um mapa das feiras orgânicas no Brasil. A iniciativa é do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que tem como principal objetivo tornar os produtos orgânicos mais acessíveis aos consumidores e fomentar uma alimentação saudável em todo país.
*** clique aqui para acessar o Mapa ***
Com base em algumas pesquisas, muitos consumidores prefeririam orgânicos se eles fossem mais baratos e se houvesse mais canais de comercialização (feiras) próximos de suas residências. Em um levantamento de preço dos alimentos orgânicos feito pelo Instituto em 2010, todos eram mais caros nos supermercados, em comparação com as feiras – com diferenças que chegavam a até 463%.
Eu mesma era uma que sempre falava isso, sobre o preço. Já viram quanto custa um alface orgânico no supermercado? Desde que comecei a ler sobre o assunto, descobri alguns grupos no Facebook e também aqui no bairro que se organizam com cestas de orgânicos, na tentativa de baratear o custo. Ainda assim, me pareceu uma coisa muito fechada ainda. Alguns bairros comecaram a organizar feiras orgânicas (inclusive aqui no bairro onde moro, grazadeeeeus). Seria tão interessante ter um site com todas essas feiras, organizadas por região, data em que acontecem, né? Foi pensando nessas questões que o Mapa nasceu. Ele traz informações georeferenciadas, os grupos de consumo, as comunidades suportadas pela agricultura, os produtores e agricultores orgânicos e as associações e cooperativas de produtores. Tudo isso para encurtar o caminho do consumidor até o produtor, possibilitando ao consumidor uma ampla diversidade de acesso aos alimentos orgânicos.
O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, com um crescimento ano após ano e um faturamento bilionário (Fonte: Sindiveg). Estima-se que cada um de nós consumimos aproximadamente 5 litros de agrotóxico por ano! Segundo levantamento da ANVISA (2011-2012), uma média de 30% dos alimentos estão irregulares – com agrotóxicos não permitidos para a cultura, proibidos no país ou acima do limite máximo permitido.
Já há vários estudos que apresentam a relação do consumo de agrotóxicos com problemas como cânceres, má-formação, intoxicação, entre outros, além de todos os problemas ambientais que acarreta. Diante desse cenário, precisamos encontrar alternativas que realmente nos alimente sem prejudicar nossa saúde e bem estar. E o Mapa tem justamente este propósito.
Se no seu bairro ainda não há uma feira, que tal se organizar com outros membros da comunidade para criar um espaço de compra e venda desses produtos? Lá no site do Mapa há informações pra te ajudar nessa missão.
Mais uma coisinha: o Idec é uma ONG de defesa dos direitos do consumidor totalmente independente, que não recebe apoio financeiro de empresas, governos ou partidos políticos, assim, sua principal fonte de recursos é a contribuição de pessoas que acreditam na importância do nosso trabalho para o bem coletivo. Essa ajuda é responsável por financiar ações como o Mapa de Feiras Orgânicas, sempre com o mesmo intuito de diminuir os abusos contra os consumidores e tornar as relações de consumo mais justas.